Costa Alentejana, meu amor
Tenho uma enorme paixão pelas paisagens maravilhosas do nosso Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina*! Acho que é uma das mais belas paisagens de praias em Portugal, arriscaria até Europa e Mundo!
Praia da Samoqueira, Porto Côvo
Neste último domingo, rumei directo a sul com a primeira paragem planeada para a praia de São Torpes.
Embora todas aquelas gruas do porto de Sines e os grandes cargueiros avistados ao longe possam conferir ao local um aspecto assustador, a verdade é que a praia de São Torpes é uma praia de bandeira azul, tanto no ano de 2022, como nos anos anteriores. Tinha uma característica peculiar, que deixou de existir em 2021: uma água quentinha, particularmente na zona mais próxima do pontão. Esta água do mar próxima dos 30ºC estava relacionada com a central termoeléctrica e ao arrefecimento das turbinas que era feito com recurso à água do mar, retornando ao mesmo com esta temperatura muito agradável (especialmente tendo em conta que, em regra, a água das praias da Costa Vicentina é bastante fresquinha). A central termoeléctrica foi desactivada em 2021.
De São Torpes rumei a Porto Côvo pela estradinha à beira-mar. Recomendo, pela vista que se tem e, também, pelo facto de ser uma viagem super rápida, direitinha a Porto Côvo, com entrada pela zona das praias da Samoqueira, precisamente a minha paragem seguinte.
Lindíssima praia de areias finas e águas transparentes. Acho que compete de igual com muitas praias paradisíacas da Tailândia. Para além desta, as restantes praias da vila de Porto Côvo merecem também uma visita: Praia Grande, Praia dos Buizinhos, Praia do Cerro da Águia, ..., assim como a vila. Esta localidade, de pequenas casas piscatórias, foi uma das fortemente abaladas pelo terramoto de 1755. Teve a sua reconstrução a cargo do Marquês de Pombal, ganhando uma das características mais predominantes de todas as reconstruções pós-terramoto: uma praça central, de planta quadrangular, e ruas perpendiculares que se estendem a partir da praça central (Vila Real de Santo António e Lisboa, numa escala maior, são excelentes exemplos desta nova geografia urbana).
Entre Porto Côvo e Vila Nova de Milfontes, vão encontrar um pequeno desvio para a Ilha do Pessegueiro, recomendo vivamente!
O nome, Ilha do Pessegueiro, é uma derivação do que deveria ser o nome original, Ilha do Pesqueiro, com origem nas actividades desenvolvidas no local no período de ocupação romana, da qual restam vestígios de salgas de pesca. Na ilha encontram-se também as ruínas do Forte de Santo Alberto, erguido no século XVII, para defesa costeira em conjunto com o Forte de Nossa Senhora da Queimada, na praia da ilha do Pessegueiro. Da minha infância até à adolescência visitei este forte todos os Verões, com os meus pais. A vista que se tem sobre a ilha é magnífica, mas o forte foi ficando gradualmente mais degradado. Tinha uma ponte levadiça em madeira, que permitia atravessar o fosso que circunda o forte; umas escadas interiores em pedra que conduzem a uma varanda sobre a praia da ilha do Pessegueiro e tinha ainda umas escadas interiores a partir de um dos quartos laterais que permitia ir ao andar superior e ter uma vista ainda mais privilegiada. Essas escadas depressa ruíram e tornaram esse acesso muito perigoso. Lembro-me de se contar que existia um túnel, debaixo do mar, que ligava através de uma passagem secreta o Forte até ao Forte da ilha. Claro que nunca foram encontrados vestígios que corroborassem tal história, mas seria muito fascinante!
Neste momento, o forte está recuperado, pelo menos a nível exterior, e permanentemente encerrado.
Próxima paragem: Vila Nova de Milfontes. Conheço esta terra como a palma da minha mão, desde os 4 anos de idade. Já tinha saudades!
Vila do meu coração! E que linda que está! Por diversas vicissitudes a vida, há cerca de 3 anos que não passava por lá, e foi possível ver melhoramentos que foram feitos com mais passadiços de acesso às praias e em redor da Fortaleza, tornando esta minha visita ainda mais aprazível! Quando era mais pequena, Vila Nova de Milfontes não tinha metade da afluência que tem agora no Verão, nem era tão conhecida, com a fama que, merecidamente, tem agora.
Vila Nova de Milfontes é uma vila alentejana típica, de casas baixas caiadas de branco, com lintéis em amarelo ou azul, cuja antiguidade remonta à Idade do Ferro, mostrando a importância da sua localização na margem direita do navegável Rio Mira.
É do século XVII o Forte de São Clemente, fortificação construída por ordem de D. Filipe II após um violento ataque de piratas à povoação em 1590. Recomendo a visita à Praça da Barbacã, com uma vista linda sobre o rio e a sua margem esquerda, onde fica a minha praia preferida, a praia das Furnas.
De Vila Nova de Milfontes parti em direcção ao Cabo Sardão.
O farol do cabo Sardão foi construído em 1915 e electrificado em 1950 e, embora este cabo não seja muito proeminente no oceano, foi verificada a necessidade de um ponto extra de iluminação entre Sines e o cabo de São Vicente, já em 1866.
O cabo Sardão é composto por escarpas delineadas a pique em direcção ao mar. Entre a fauna deste local, podemos ver cegonhas-brancas, com ninhos nestas escarpas e ainda falcões-peregrinos ou gralhas-de-bico-vermelho.
Para terminar este périplo pelo Parque Natural do Sudoeste Alentejano, ficou a faltar passar pela Zambujeira e Odeceixe, localidades que também conheço bem, mas cuja visita terá de ficar para uma outra volta.
Espero que tenham gostado deste passeio :)
Fotografias tiradas por mim.
Vestidos: Shein
Sandálias: Deichmann
Chapéu: Parfois
Bijuteria: GataPreta Artesanato
Local: Sudoeste Alentejano, Alentejo
*corrigido após reparo da querídissima leitora Helena! Obrigada!